Ontem, dia 21 de Março, fez um ano que minha terapeuta sofreu um acidente quase fatal.
Hoje, um ano e um dia depois, voltamos às sessões.
Engraçado o quanto mudamos nesse tempo e mais engraçado ainda eu falar na primeira pessoa do plural.
É que a gente nem para pra pensar, mas pelo menos pra mim, falar do meu último ano em quarenta e cinco minutos foi como vomitar loucamente e depois sentir aquela sensação de alívio. Não que eu goste de vomitar, mas eu sinto isso, me deixem.
Nesses quarenta e cinco minutos eu falei que me formei, que tirei dez no meu projeto de conclusão de curso e entreguei uma cópia do filme pra ela. Contei do meu trabalho sacal que se torna maravilhoso pelas pessoas que me rodeiam por lá, contei que viajei, contei que me apaixonei, que sofri, que quase morri. Contei que me apaixonei por mim.
Falei também que tô bebendo mais do que antes, gastando mais do que antes e, principalmente, respeitando as minhas vontades mais do que antes. Tô aceitando as pessoas, seus ciúmes, crises e sadismos porque, ora, são pessoas. Eu só não aceito orgulho porque ela me ensinou que orgulho quando é demais deixa de ser orgulho e passa a ser burrice. E como eu também sou humano, fiz questão de deixar de fora casos e criaturas que não merecem qualquer citação.
Não precisei falar que estava dez quilos mais gordo ou mais forte, como queiram. Ela percebeu e perguntou se eu tinha noção que eu estava mais bonito. Linda.
Que saudade da vista daquela janela.