5.2.09

Da lama ao caos

Olha, eu não vou pagar aqui de entendido do design porque, de fato, não sou. Mas dou valor, curto e aprecio bastante. Tanto é que resolvi escrever sobre isso. Mas vou logo avisando que não vem coisa boa por aí, afinal de contas, quer coisa melhor do que meter o pau nos outros?

O negócio é o seguinte: todos os anos os estudantes de design do Brasil inteiro se reúnem em algum estado com o propósito de encher o rabo de cachaça, fumar maconha até o olho encher de sangue e putariar até a morte. Ok, nem tanto.
Mas é aquela coisa. Palestras, oficinas, projetos, experiências, blá, blá, blá.
Daí que este ano o evento será sediado em Pernambuco. Massa, né? E adivinha só qual o tema que eles resolveram adotar como identidade visual? Manguebeat, claro. Aliás, Manguebit com i, viu? Que é pra disfarçar essa coisa feia que é o estrangeirismo.
Minha gente, não é querendo ser do contra não, mas oi, já deu?
Eu reconheço o valor da cultura do nosso Estado. Aliás, na minha opnião, é de longe a mais rica e diversificada do país. Reconheço a importância e o significado que Chico Science e Nação Zumbi tiveram, o upgrade que eles causaram na cena local e na imagem de Pernambuco pro povo de fora, me arrepio todinho só de ouvir um grupo de maracatu, acho o frevo uma dança deveras complexa, patrimônio cultural da humanidade e priu. Que legal, uhu.
Agora alguém me diz até quando a gente é obrigado a ficar estagnado, batendo na mesma tecla? A impressão que dá é que o Nordestino em geral foi - e é - tão inferiorizado que acabou se enclausurando no seu próprio complexo. O bairrismo atingiu um nível tão radical que chega a prejudicar, desgastar. É uma necessidade constante de se auto-afirmar, de mostrar "serviço", provar que tem conteúdo, sabe? Até certo ponto, não recrimino, acho até digno e louvável, visto que o que mais tem por aí, é gente achando que o Brasil se resume ao trecho Rio-SP. Gente com a mentalidade tão pequena quanto este mesmo trecho. Mas tudo tem limite. Ô, se tem.
Lembro que li numa coluna da Super Interessante como ficaria o Brasil se tivesse seu terreno dividido. Nesta hipótese, Pernambuco seria o único Estado a se separar por completo e garantir sua independência. Seria uma nova Cuba. Confesso que meu primeiro pensamento foi "uau". Mas pensando bem... Dá um pulinho ali em Cuba pra tu ver o que é bom.

O que me deixa mais indignado nisso tudo é que a gente virou refém da nossa própria cultura. Não tem nem como um evento como este tentar ir de encontro às "regras", porque com certeza virão incontáveis Arianos Suassunas metendo o pau do outro lado.
Gente, tá na hora de ir de encontro sim, de desgarrar, de expandir, aceitar o que vem de fora e que pode ser bom. Tá na hora de, pelo menos, se renovar, de se permitir.

Porque enquanto o N Design 2009 se apresenta desta forma:


Vem Curitiba, apresenta a proposta pra sediar o N Design 2010 e fecha de badoque com a cara de todo mundo.


Pronto, falei.

Nenhum comentário: