A situação em si já era bizarra. Eu criava um polvo e morava numa casa que ficava perto da praia. Era uma casa, tipo, de pescador mesmo e havia um polvo meio vinho, meio roxo no aquário. Eis que, um belo dia, o polvo conseguiu sair do aquário, que ficava suspenso, e foi descendo pelas paredes como quem não quer nada. Eu fiquei ali olhando pro polvo, observando, vendo do que ele seria capaz de fazer. E não deu outra. Ele foi, aos poucos, se arrastando pra fora da casa. Eu podia muito bem ir lá, pegá-lo e colocá-lo novamente no aquário, mas eu não fiz isso. Fiquei olhando ele ter autonomia, e caminhar sozinho.
Pois bem, o polvo saiu da casa e quando ele passou da porta, ele inflou e virou uma bóia gigante. Mas não era uma bóia em formato de polvo, era aquelas bóias em formato de poltrona. Uma bóia poltrona roxa, que saiu voando com a ventania em direção ao mar. Do lado da minha casa era descampado e ela voou bem rápido. Foi aí que eu corri, não pra impedir, mas pra ver ela cair na água, ir pro seu habitat natural. Quando tocou na água, a boia desapareceu. Acho que ela virou polvo de novo. Aí, eu fiquei ali, olhando pro mar, no meio daquela ventania e sentindo aquela angústia de estar sozinho no fim da tarde, naquele momento em que o sol já se pôs, mas ainda não virou noite.
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